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Caiçaras ameaçados. Ilha Diana x Embraport

Desde o ano de 2006 o CAVE, COLETIVO ALTERNATIVA VERDE, vem realizando encontros com representantes da tradicional comunidade moradora da Ilha Diana através de sua associação de moradores e percebeu a preocupação existente na maior parte da comunidade com os impactos que serão causados pela construção do terminal portuário da EMBRAPORT em área adjacente à vila caiçara. Basicamente, os moradores têm dois grandes receios em relação ao que poderá ocorrer com a vila a partir do início dos trabalhos de construção, cuja previsão é de que se estendam por até sete anos.

O primeiro, é a preocupação de que as obras a serem realizadas, em particular a grande área de aterro sobre o manguezal existente entre os rios Sândi e Diana, possam provocar uma elevação dos níveis da maré enchente e que isso venha a causar inundações em suas residências.

O segundo, é em relação ao impacto direto que será sentido na principal atividade econômica da comunidade que é a pesca do camarão e também de outros peixes. A principal área de pesca da comunidade atualmente é aquela situada no encontro dos rios citados e do canal de Bertioga com o estuário, uma área em que há fartura de pescado em função de bancos de areia que se formam nesse local. O projeto de implantação do terminal prevê a dragagem de uma imensa área lateral do estuário, contígua a essa área de pesca e a construção de atracadouros para navios de grande porte. Uma provável redução do volume de peixes nessa área, principal fonte de renda e de alimento das famílias moradoras, levará a busca pelo sustento para áreas mais distantes encarecendo os custos da exploração do recurso e inviabilizando economicamente a atividade.

Com a crise de 2008, houve um atraso na execução das obras que agora se encontram quase que paralisadas à espera de investimentos. Mas isto foi por pouco tempo, a retomada do crescimento econômico fatalmente levará toda o estuário de Santos, desde a Ponta da Praia ate Cubatão, a ser tomado por mega-empreendimentos portuários. Na esteira do Embraport vislumbra-se o complexo Barnabé-Bagres, ensejando uma ampliação desordenada da Cloaca Máxima brasileira. E a isso chamam de desenvolvimento e de progresso!!!!!!!!!

Em 2007 quando se iniciaram as obras de desmatamento e aterramento na área da Embraport, em várias oportunidades a imprensa foi convidada a noticiar o problema, mas a comunidade obteve pouco sucesso na tentativa de paralisar a construção. No link abaixo reproduzimos uma das poucas notícias publicadas naquele ano num blog de pequena divulgação. Convidamos os leitores a acompanhar a notícia da época e perceber nos comentários que seguem no mesmo blog, a opinião e os argumntos daqueles que não concordam com a manutenção da comunidade de pesacadores da Ilha Diana nesse local.

http://www.ilhadianaresistindo.blogspot.com/

Os argumentos geralmente usados por advogados, biólogos e outros técnicos que se manifestam contrariamente à permanência dela são os de que a comunidade não é caiçara, que está instalada há pouco tempo (esse assentamento data de 1940 quando da transferência de pescadores que habitavam a atual área da Base Aérea), e de que eles também estão desconformes com a legislação ambiental, pois ocupam uma área de preservação permanente. E ainda por cima são pobres, atrapalhando a estética do lugar, se fossem gente de bem com suntuosas mansões, marinas, iates e luxuosos edifícios de mais de 20 andares vá lá, não é? Santa hipocrisia travestida de discurso técnico e jurídico. Estranho, porém, que os mesmos críticos da permanência da comunidade da Ilha Diana nesse lugar não comentem nada sobre impacto infinitamente maior que será causado pela implantação de mais um porto agro-exportador, o que parece ser a única inteligência possível que resta a um país de apedeutas. Vejam a imagem da maquete do novo porto da Embraport e comparem o seu tamanho ao tamanho da comunidade à direita. Por aí já é possível perceber o imenso impacto que será causado com danos sócio-ambientais irreparáveis.

Afinal será que essa deve ser a nossa sina, a de carregar nas costas como uma mula e exportar para o estrangeiro o resultado da destruição de nossas florestas: pau-brasil, açúcar, minérios, café e agora SOJA! Qual a monocultura que virá depois… será que haverá um depois!!!

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Arquivado em Baixada Santista, Porto de Santos