Mataram mais dois pescadores da AHOMAR (grupo da Baía de Guanabara que esteve presente no Seminário sobre Racismo Ambiental na RIO+20). Informações sobre o coletivo no link abaixo. Segue a denúncia recebida por uma ativista local, a Inny.
Durante a Rio + 20 foi feita uma visita guiada à associação de pescadores em Magé junto a ambientalistas estrangeiros. O toxi-tour acompanhado de uma delegação de visitantes internacionais foi alvo de criticas dos políticos locais e recebeu a atenção a contragosto do secretário de meio ambiente de Magé, que tentou disputar a atenção da mídia e da população. Há muita gente lutando na região. Não são somente pescadores. A Petrobras está acabando com a vida de moradores pobres que vivem da pesca e que estão bravamente resistindo. Não se esqueçam que esta região foi a mais castigada com o colossal derramamento de óleo dessa empresa de produção de sujeira que faz greenwashing e se diz sustentável. Trata-se de gente muito pobre, em um local que foi considerado o mais pobre do Rio de Janeiro, com poucos meios de defesa através dos instrumentos locais. São as vítimas do que chamamos de racismo ambiental, pois a política capitalista de desenvolvimento sustentável visa destruir todas as comunidades tradicionais que vivem da extração não predatória dos recursos naturais, geralmente populações de negros, mestiços ou brancos pobres. Eles estão matando esta gente, um a um. O toxi-tour foi realizado com a companhia dos PMs que faziam a escolta do pescador Alexandre Anderson. Porém trata-se, nós sabemos, de uma polícia corrompida, que trabalha ao estilo dos velhos jagunços para novos coronéis da insustentabilidade, portanto uma policia em quem não se pode confiar. Eles esperaram terminar a RIO+20 para matar mais dois pescadores. Este é o recado para os ativistas e para todos aqueles que resistem ao avanço do capitalismo poluidor e predatório. Estava claro que eles não iriam aceitar visitas de observadores estrangeiros assim sem dar uma resposta amarga aos elos mais fracos da população.
Página sobre racismo ambiental: http://racismoambiental.net.br/2012/06/rj-grupo-homens-do-mar-da-baia-de-guanabara-um-pescador-assassinado-e-outro-desaparecido/
Foi Alexandre Anderson, incansável lutador, que repassou as notícias revoltantes, no final da noite de ontem, domingo. Na primeira, informava que dois pescadores e lideranças do Grupo Homens do Mar estavam desaparecidos desde a noite de sexta-feira, quando haviam saído para pescar: Almir, fundador e liderança local da AHOMAR, e Pituca, também um dos fundadores, líder e único articulador da resistência na Ilha de Paquetá. Alexandre Anderson escrevia ainda que estava indo para a praia, “organizar as buscas da noite”, e que faria novos contatos. O novo contato chegou pouco tempo depois, e nele Alexandre soltava sua revolta: Almir havia sido encontrado morto, com as mãos amarradas nas costas e marcas claras de execução. Não poderia haver dúvida quanto ao assassinato. Pituca continuava desaparecido.
Com as notícias, a mensagem desesperada: “Nos ajude! Estão matando nossos amigos! Nosso sonho! O pior é que não tem polícia em Mauá, onde moro!” Alexandre Anderson faz parte, a duras penas, do Programa de Defensores dos Direitos Humanos, depois de muitas ameaças e alguns atentados. Mal ou bem, Almir e (provavelmente) Pituca não tiveram essa “sorte”.
Nossa solidariedade para as famílias e amigos de Almir e Pituca. Que ele, pelo menos, apareça vivo, é o que desejamos. Mas é inadmissível que essa situação continue! É urgente que se faça Justiça!”